quinta-feira, agosto 31, 2006

Uma questão de língua


Velha: "Ele tá ali a trincá-lo todo. Eu gosto é de andar ali à volta como os cachopos.

"Mulher de vermelho: "Ah! Mas eu dei-lhe 1€... Ele que se desenrasque!"(...)

Mulher de vermelho: "E depois a minha vizinha disse-me que se quisesse, para ir lá apanhar."

Esplanada Bijou, Santarém

Sofro de Otites

Lembro-me...

Lembro-me de ti no Jardim de Infância... loirinha e fofinha.
Lembro-me de ti na Primária.
Lembro-me dos teus vestidos.
Lembro-me de seres a maior... mais alta que todas as menina e todos os meninos.
Lembro-me do dia em que disseste palavrões no recreio e que o "outro" ficou surpreendido.
Lembro-me de ter ido andar de bicicleta contigo e de ter ficado com o pé preso nos raios.
Lembro-me da senhora gorda que roubava ovos e do sermão que ouviste.
Lembro-me de dançares à frente do quadro preto.
Lembro-me das tuas célebres meias brancas.
Lembro-me das gomas.
Lembro-me da telescola e dos intervalos intermináveis.
Lembro-me de escreveres os verbos em francês no quadro... com o caderno escondido debaixo da camisola.
Lembro-me dos testes... e das cábulas nos cadernos pretos.
Lembro-me de um balão de água, enorme, ter rebentado nos teus braços.
Lembro-me de irmos fazer recados aos correios.
Lembro-me de irmos à cave da casa grande.
Lembro-me de irmos explorar a outra casa... e virmos carregados de blocos.
Lembro-me de termos ido juntos para o 7.º ano.
Lembro-me das nossas viagens de autocarro.
Lembro-me de ir sentado ao vosso colo.
Lembro-me de gostarmos de arranjar confusões com os passageiros.
Lembro-me do barulho que fazíamos.
Lembro-me de teres namorado com "aquele".
Lembro-me de te teres afastado nessa altura.
Lembro-me das cartas falsas no teu cacifo.
Lembro-me das tuas cartas do dia de S. Valentim.
Lembro-me que começaste a faltar às aulas de Inglês.
Lembro-me de termos ficado zangados contigo.
Lembro-me de termos ido passar uma tarde ao hotel rural e tu não foste sequer convidada.
Lembro-me de teres começado a ser desprezada por causa de outras pessoas.
Lembro-me de eu não ter reparado nisso.
Lembro-me de teres vindo falar comigo.
Lembro-me de ter começado a dar-te mais atenção.
Lembro-me que começaste a ter melhores notas.
Lembro-me de ter começado a ser vítima de desprezo também.
Lembro-me do que sofremos juntos.
Lembro-me de termos chorado.
Lembro-me daquele dia e das atitudes.
Lembro-me de termos falado com a professora.
Lembro-me de termos chorado outra vez.
Lembro-me de termos chorado outra vez... tu no banco... eu escondido.
Lembro-me de irmos no autocarro e a termos visto chorar.
Lembro-me de nos termos tornado muito unidos.
Lembro-me que deixamos de ter contacto com ela.
Lembro-me de termos ido juntos para o Liceu.
Lembro-me da nossa ansiedade.
Lembro-me dos momentos hilariantes que passámos nas aulas.
Lembro-me das aulas de Biologia e de como nos divertíamos sozinhos.
Lembro-me de como a professora gostava de nós, apesar de sermos os mais faladores.
Lembro-me dos conflitos que tivemos com outros professores.
Lembro-me de como as aulas de TLQ nos perturbavam.
Lembro-me das "dores de barriga" e das "indisposições" que tinhamos nas aulas de Inglês.
Lembro-me do glossário.
Lembro-me de como nos riamos.
Lembro-me do tormento das aulas de apoio a Matemática... e a frenética.
Lembro-me de termos começado a falar por mensagem.
Lembro-me que a partir daí tudo mudou entre nós.
Lembro-me de termos lutado juntos.
Lembro-me da discussão.
Lembro-me como deixamos de falar.
Lembro-me do dia da partida para Taizé e de não termos feito as pazes.
Lembro-me de sermos iguais... orgulhosos.
Lembro-me do homícidio em Taizé e de como fiquei preoupado contigo.
Lembro-me do dia do teu aniversário.
Lembro-me de ter tentado fazer as pazes contigo, sem baixar o orgulho.
Lembro-me de não ter conseguido.
Lembro-me do modo como disseste que estavas muito magoada comigo.
Lembro-me de eu ter sentido o mesmo.
Lembro-me de nos termos tornado fortes e unidos.
Lembro-me de te ter revelado os meus segredos, intimidades e problemas.
Lembro-me de teres ficado surpreendida.
Lembro-me do dia 14 de Fevereiro.
Lembro-me da tua cara triste e das tuas lágrimas.
Lembro-me de ter pedido para sair contigo.
Lembro-me de teres chorado ao pé de mim.
Lembro-me de te ter ouvido.
Lembro-me dos lenços que te arranhavam o nariz.
Lembro-me de quando me contaste aqueles momentos.
Lembro-me de ter ficado surpreso... mas orgulhoso de ti.
Lembro-me de ter falado da M40.
Lembro-me das quintas-feiras à tarde.
Lembro-me do Diabrão, do Red Bull, do Vodka Russo e da Bohemia.
Lembro-me do modo com subimos as escadas.
Lembro-me do que fizemos.
Lembro-me de como isso se espalhou.
Lembro-me da fama com que ficámos.
Lembro-me da Feira da Agricultura.
Lembro-me dos bolos da Meloy.
Lembro-me de termos chegado a tua casa às 7h da manhã.
Lembro-me de como tivemos que nos levantar às 8h da manhã.
Lembro-me dos nossos telefonemas intermináveis... e das nossas despedidas.
Lembro-me das nossas mensagens.
Lembro-me de ser o teu psicólogo.
Lembro-me da nossa telepatia.

Hoje...

Lembro-me de ser eu.
Lembro-me de seres tu.
Lembro-me de sermos um só.
Lembro-me de estarmos em harmonia.
Lembro-me da tua presença... em toda a minha vida.
Lembro-me que este espaço não chegava para recordar tudo.
Lembro-me dos nossos momentos.
Lembro-me que o nosso sentimento não tem definição.
Lembro-me que é mais que amor, mais que paixão, mais que amizade, mais que irmandade.
Lembro-me que gosto de ti.
Lembro-me da tua importância.
Lembro-me que apesar do que dizem, nós temos um sentimento puro e superior.

E amanhã...

Lembrar-me-ei que vamos ser felizes.
Lembrar-me-ei que somos unos.
Lembrar-me-ei que sou eu e és tu.

Tigui

terça-feira, agosto 22, 2006

Ankh - A Chave da Vida

"Ankh - A Chave da Vida"
0,90 x 0,50
Óleo sobre Tela

Hoje trago-vos um quadro de 1996 que elaborei baseado na Ankh, a
chave da vida para os antigos egípcios.

É o hieroglifo egípcio para a palavra "vida" e também faz parte do
conceito de "Saúde" e "Felicidade".

Simboliza a eternidade da Alma.

Apesar de sua origem egípcia, ao longo da história foi adoptada por
diversas culturas.
Continuou "popular", mesmo depois da cristianização do egípto a
partir do século III.

Os egípcios convertidos são conhecidos como Cristãos Coptas, e a
Ankh, devido à sua semelhança com a cruz cristã, manteve-se como
um dos seus principais símbolos, sendo conhecida por Cruz Copta.

Beijos mágicos do Monte da Lua

AnaGarrett
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quarta-feira, agosto 16, 2006

**********

devolvo-te o caminho das heras.porque toda a explosão é um sonho de respirações imprevisíveis.
horas vegetais que a água há de transportar no seu ninho de linho.
o teu olhar chama-me derrete-me dissipa-me aquariza-me

mendes ferreira
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terça-feira, agosto 15, 2006

Software para sua vida

Cliente:
Boa tarde... é do Sector de "Atendimento ao Cliente"???

Telefonista:
Boa tarde. Em que lhe posso ser útil?

Cliente:
Comprei o seu programa AMOR, mas até agora não consegui instalar.
Eu não sou técnica no assunto, mas acho que posso instalar com a sua ajuda.
O que eu devo fazer primeiro?

Telefonista:
O primeiro passo é abrir o seu CORAÇÃO.
A senhora encontrou seu CORAÇÃO?

Cliente:
Sim, encontrei. Mas há diversos programas funcionando agora.
Tem algum problema em instalar o AMOR enquanto outros programas estão funcionando?

Telefonista:
Que programas estão funcionando, senhora?

Cliente:
Deixe-me ver... Eu tenho BAIXA ESTIMA.EXE, RESSENTIMENTO.COM, ODIO.EXE e RANCOR.EXE funcionando agora.

Telefonista:
Nenhum problema. O AMOR apagará automaticamente RANCOR.EXE de seu sistema operacional atual. Pode ficar em sua memória permanente, mas não vai causar problemas por muito tempo para outros programas.
O AMOR vai rescrever BAIXA ESTIMA.EXE em uma versão melhor, chamada AUTO ESTIMA.EXE. Entretanto, a senhora tem que desligar completamente o ODIO.EXE e RESSENTIMENTO.COM. A senhora pode desligálos?

Cliente:
Eu não sei como desligá-los. Você pode me dizer como?

Telefonista:
Com prazer! Vá ao Menu e clique em PERDAO.EXE.
Faça isso quantas vezes forem necessárias, até o ODIO.EXE e RESSENTIMENTO.COM serem apagados completamente.

Cliente:
Ok! Terminei! O AMOR começou a instalar-se automaticamente. Isso é normal?

Telefonista:
Sim, é normal. A senhora deverá receber uma mensagem dizendo que reinstalará a vida de seu coração.
A senhora tem essa mensagem?

Cliente:
Sim, eu tenho. Está completamente instalado?

Telefonista:
Sim. Mas lembre-se: a senhora só tem o programa de modelo básico.
A senhora precisa começar a se conectar com outros CORAÇÕES a fim de obter melhoramentos.

Cliente:
Oh! Meu Deus! Eu já tenho uma mensagem de erro. Que devo fazer?

Telefonista:O que diz a mensagem?

Cliente:
Diz: "ERRO 412 - O PROGRAMA NÃO FUNCIONA EM COMPONENTES INTERNOS". O que isso significa?

Telefonista:
Não se preocupe, senhora. Este é um problema comum.
Significa que o programa do AMOR está ajustado para funcionar em CORAÇÕES externos, mas ainda não está funcionando em seu CORAÇÃO.
É uma daquelas complicadas coisas de programação, mas em termos não-técnicos, significa que a senhora tem que "AMAR" sua própria máquina antes que possa amar outra.

Cliente:
Então, o que devo fazer?

Telefonista:
A senhora pode achar o directório chamado "AUTO ACEITAÇÃO"?

Cliente: Sim, encontrei.

Telefonista: Excelente! A senhora está ficando perita nisso!

Cliente: Obrigada!

Telefonista:
De nada. Faça o seguinte:
Clique nos arquivos BONDADE.DOC, AUTO ESTIMA.TXT, VALORIZE-SE.TXT, PERDÃO.DOC e copie-os para o directório "MEU CORAÇÃO".
O sistema irá rescrever todos os arquivos em conflito e começará a consertar a programação defeituosa. Também a senhora precisa apagar AUTO CRITICA.EXE de todos os directórios e depois esvazie a sua lixeira para certificar-se de que nunca voltem.

Cliente:
Consegui! Meu CORAÇÃO está cheio de arquivos realmente puros!
Eu tenho no meu monitor, agora, o SORRISO.MPG e está mostrando que PAZ.EXE, CONTENTAMENTO.COM e BONDADE.COM foram instalados automaticamente no meu CORAÇÃO.

Telefonista:
Então, terminamos!
O AMOR está instalado e funcionando, Ah! Mais uma coisa antes de eu saír.

Cliente: Sim?

Telefonista:
O AMOR é um programa grátis. Faça o possível para distribuir uma cópia de seus vários modelos a quem a senhora encontrar e, dessa forma, a senhora receberá de volta dessas pessoas novos modelos verdadeiramente puros.

CLIENTE:
OBRIGADA PELA SUA AJUDA

domingo, agosto 13, 2006

Mar de Chamas!

"O tédio e o fascínio pelas chamas terão levado um operário da construção civil, de 35 anos, a atear pelo menos sete incêndios nos distritos de Braga e Viana do Castelo, um dos quais queimou 2800 hectares de mata na zona de Barcelos, onde reside. Está preso preventivamente desde ontem, depois de ter sido detido pela Polícia Judiciária (PJ) de Braga, pela segunda vez no espaço de um ano e pelo mesmo motivo. (...) Há um ano, o mesmo indivíduo tinha sido detido pela autoria de vários fogos, este ano já é suspeito de pelo menos sete. Foi levado perante um juiz, que o mandou para casa apenas com a obrigação de se apresentar às autoridades. Depois foi julgado, sem que do facto tenha resultado privação da sua liberdade. Não existe qualquer indicação de que o mesmo indivíduo sofra de qualquer doença mental."

Então o bandalho foi levado perante um juiz no ano passado e esse mesmo Juiz manda-o para casa??? E depois é julgado e continua em liberdade? Liberdade para continuar a atear fogos?Serei só eu a achar isto estranho? Serei só eu a achar isto uma estupidez? Mas que palhaçada é esta? Que lei é esta? Aqui fica provado que enquanto as leis não se alterarem e não houverem punições exemplares, a situação irá sempre manter-se até Portugal não ser mais do que um monte de cinzas! É verdade que a mão criminosa não origina todos os fogos, mas enquanto houver uma absurda impunidade e só se falar da incúria, das pontas de cigarros, etc , etc , vamos continuar a ter mais do mesmo!

Sá Morais
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terça-feira, agosto 08, 2006

Campeão

Homenagem a António Silva.

Para mim, um grande actor, dos melhores, que viveu numa época ingrata e em que os actores ainda não eram apenas modelos... Esta imagem é do Leão da Estrela, um dos filmes que não me canso de rever e que me fazem sempre rir.

António Maria da Silva (Lisboa, 15 de Agosto de 1886 - Lisboa, 3 de Março de 1970) foi um grande actor português. Filho de família humilde, começa a trabalhar cedo, como marçano. É depois empregado de retrosaria, caixeiro de drogaria e bombeiro, chegando ao posto de comandante. Tira o curso comercial e frequenta diversos grupos cénicos amadores. A sua estreia como actor data de 1910, na peça "O Novo Cristo", de Tolstoi. Entre 1913 e 1921, viaja com a companhia de António de Sousa pelo Brasil, onde participa pela primeira vez num filme, no mesmo ano em que casa com Josefina Silva (1920). De volta a Portugal, trabalha vários anos consecutivos na companhia Satanella Amarante, em peças de teatro ligeiro e de Revista. Depois de passar por outras companhias teatrais (Lopo Lauer, António de Macedo, Comediantes de Lisboa, Vasco Morgado), chega finalmente à ribalta do cinema português, integrando o elenco principal do filme "A Canção de Lisboa", de Cottinelli Telmo (1933). E é no cinema que firma em definitivo a sua popularidade e engenho como actor, assegurando papéis cómicos ou dramáticos em mais de trinta películas: "As Pupilas do Senhor Reitor" (1935), "O Pátio das Cantigas" (1942), "O Costa do Castelo" (1943), "Amor de Perdição" (1943), "Camões" (1946), "O Leão da Estrela" (1947), "Fado" (1948) e muitos outros. A sua última aparição no cinema data de 1966, em "O Sarilho de Fraldas", com António Calvário e Madalena Iglésias.

Sá Morais
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sexta-feira, agosto 04, 2006

READAPTAÇÃO


Barreiras que se espalham como minas nos campos armadilhados.
A cada passo uma sombra de estilhaços perfura o teu olhar.
A cada deslocação do teu corpo há um alvo da arma da legalidade.
As sombras que sobem do chão para o céu voam sobre a tua cabeça.
E nas mãos que fechas às armas erguem-se punhos para a sobrevivência.
Na guerra fria da ausência das palavras readapta-se o mundo a ti!

umbigo

Incertezas ou certezas?



Sou várias mulheres sem nomes para todas
e nunca sei qual delas sou agora.

Ana Maria
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